5.8.14

Cidade

Hoje acordei com a rua e o coração concretados
Mas não há nada que um amargo na língua não requente
O mundo está vago,
todos miseravelmente imploram para o dia não começar
Barganham ainda, prometem a alma que - não sabem -
está perdida há muito
Encomendada.
Caminhando, incomoda-me a aspereza nos olhos
Bem treinados, prontos e ansiosos para julgar e desdenhar...
as mãos, incapazes de tais vilezas, retiram-se envergonhadas e frias,
sempre se desculpando pela falta
de jeito
de coragem
de esperança
de loucura até.

Tenho uma confissão: não sou daqui.
Não que seja de outro lugar mas, de alguma forma,
é reconfortante saber que não pertenço.

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