25.8.14

A fome

Mora na boca um monstro. Ele reclama amor e recebe sempre amargo (espera-se que não seja afeito a sílabas de mais ou de menos ou a recomendações médicas). Talvez por isso seja dado a meias palavras: quer conservar o amargo, seu amargo, dentro de si a todo momento. As palavras acabam por saírem adocicadas, mas o pensamento, vizinho à boca, se inebria aos poucos - o amargo conforta.
Toleram bem a ganância do monstro, mas esperam que se permita novos sabores; não gostam dele como é. Curioso é ninguém ter-se arriscado a destruí-lo. Nunca.

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