17.7.12

Paradoxal?

Madrugando madrugadas geladas
Manhãs que não amanhecem
Chuva que não chega a chover
Gente que não sente, dormindo eternamente
(o sono dos justos?)
Comida artificialmente contaminada
(insuficiente para tanta fome)
Luzes que alumiam menos que fogo
(dorme-se no claro e lê-se no escuro)
Distribuem-se beijos vazios, trancam-se corações transbordantes
(só é permitido amar com o tato)
Lúcidos trabalham feito loucos
(e condenam os assumidamente malucos)
Soldo que não salda a conta do fim do mês
(dívida eterna com a satisfação)
Dedos imundos que apontam, julgam e condenam
(Inferno? Já chegamos - e dá até para gargalhar vez ou outra)
Vida que não se vive: compra-se
(realidade limitada a uma tela de n polegadas)
Espelho em que não se vê a si próprio
(reflete tão-somente plástico moldado)

Cérebros, corações, almas, consciência. Tudo obsoleto. Atrofiado. Seco.




5 comentários:

  1. Uma pena que a realidade esteja limitada a um tela de algumas polegadas. Tem tanta vida aí fora. Beijo

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    1. Que honra, a autora de um dos meus livros de cabeceira e uma das pessoas com quem eu mais gostaria de tomar uma cerveja no meu blog! hehe
      Muito amor <3

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Mais do que retribuir a visita, seu blog me encantou, porque encontrei nessa sua poesia em prosa fonte válida e potencialmente artística de crítica moral e social.
    Agora, temos que nos comprometer a atualizar nossos blogs com mais frequencia, diz aí, rsrsrs

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    1. Muito obrigada! É bom ouvir um elogio de alguém que expressa tão bem seus sentimentos e opiniões, ainda mais por se tratar de um projeto despretensioso =]
      Quanto à frequência não posso prometer nada, pois depende da convergência da agenda com o ímpeto rsrs

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