15.2.13

Espesso

Os ruídos da televisão lentamente enlouquecem os despertos.
Quando há silêncio, há ainda o insistente relógio analógico sobrevivente à tão proclamada era das adaptações. Ele deixou de marcar o tempo e passou a ser aquela companhia serena (serenidade é sempre prelúdio?) e constante, checando teus sinais vitais para garantir que vives, e garante, segundo a segundo (que é um segundo?) mas não te alivia a insegurança, não impede que a dúvida se lhe chegue aos umbrais quando, por força ou estafo, te calas a mente (entra, que é tua a casa! toma meu último cigarro).
Nada esperas. Desesperas. A humanidade nos legou milênios de arrogância e uma gangrena irrefreável às carnes cada vez menos perfeitas.

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