8.6.11

Realidade

Tão inteligível quanto a razão por trás do mau humor matinal, tão meu. Este, por sua vez, dava lugar ao tédio vespertino, que aparece pontualmente atrás de meus olhos. Instala-se como o velho conhecido que é, com a intimidade somente permitida a quem é parte de mim. Por vezes penso em preparar um chá para recebê-lo "adequadamente", mas acabo por lembrar que ele não é dado a mimos. É cru e vadio.

Às vezes também o mau humor resolve estender seu turno com o pretexto de fazer companhia ao tédio, quando na verdade sua intenção era ver até onde ele me levaria naquele dia. Como eu disse, o mau humor era meu, arraigado. Ele se importava. O tédio não. O tédio me encontrou. Ele ficava por conveniência.

Mas o clímax sempre será a noite, quando as cores convergem e se anulam, quando tudo é explicitado. A essa hora, tédio já está se preparendo para vadiar e ocorrem-me as ideias mais pitorescas. Rio insanamente. Então ela diz: "vem dormir comigo". E eu obedeço, boa menina que sou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário